sexta-feira, janeiro 25, 2008

Keep it Simple - Smog

quinta-feira, janeiro 24, 2008

Blood Embrasse





I would not fight with hands or words
Another man – no, that's absurd
Or would Iand would victory betray me
Or is that what she's waiting on
A pounding down, one standing man
To kiss her in a blood embrace of victory
Or would I give her up at all
Because I know it could not be better
To live without what she provides
When we're alone and I undress her
Does she test me, does she know
That I would never turn and go
But fight another, if that's what she'd have me do


Janet: Charlie... I've been with another man.
Well aren't you gonna say anything?
You're just gonna sit there?
Oh Charlie, I didn't know when you were coming back or if you ever
would.
I tell you the men around here don't respect anything.
If I told you all the guys that called me up...
And then Cliff,
He didn't make a pass at me.
I mean he didn't even... do it at all, Charlie.
I knew what he wanted, but...he never did anything about it.
And then it just seemed like the two of us just had to.

Charlie: I don't think I'm up for any more of this.
Why don't you go to bed. We'll work this all out.

Janet: What are you gonna do?

Charlie: I'm just gonna sit here.




by Matt Sweeney with Bonnie Prince Billy

quarta-feira, janeiro 23, 2008

Abaixo o 'tá-se'!

Há coisas que não são para se perceberem. Esta é uma delas. Tenho uma coisa para dizer e não sei como hei-de dizê-la. Muito do que se segue pode ser, por isso, incompreensível.
A culpa é minha. O que for incompreensível não é mesmo para se perceber. Não é por falta de clareza. Serei muito claro. Eu próprio percebo pouco do que tenho para dizer. Mas tenho de dizê-lo.
O que quero é fazer o elogio do amor puro. Parece-me que já ninguém se apaixona de verdade. Já ninguém quer viver um amor impossível. Já ninguém aceita amar sem uma razão.
Hoje as pessoas apaixonam-se por uma questão de prática. Porque dá jeito. Porque são colegas e estão ali mesmo ao lado. Porque se dão bem e não se chateiam muito. Porque faz sentido. Porque é mais barato, por causa da casa. Por causa da cama. Por causa das cuecas e das calças e das contas, da lavandaria.
Hoje em dia as pessoas fazem contratos pré-nupciais, discutem tudo de antemão, fazem planos e à mínima merdinha entram logo em "diálogo". O amor passou a ser passível de ser combinado.
Os amantes tornaram-se sócios. Reunem-se, discutem problemas, tomam decisões.
O amor transformou-se numa variante psico-socio-bio-ecológica de camaradagem. A paixão, que devia ser desmedida, é na medida do possí­vel.
O amor tornou-se uma questão prática. O resultado é que as pessoas, em vez de se apaixonarem de verdade, ficam "praticamente" apaixonadas.
Eu quero fazer o elogio do amor puro, do amor cego, do amor estúpido, do amor doente, do único amor verdadeiro que há, estou farto de conversas, farto de compreensões, farto de conveniências de serviço. Nunca vi namorados tão embrutecidos, tão cobardes e tão comodistas como os de hoje. Incapazes de um gesto largo, de correr um risco, de um rasgo, de ousadia, são uma raça de telefoneiros e capangas de cantina, malta do "tá bem, tudo bem", tomadores de bicas, alcançadores de compromissos, bananóides, borra-botas, matadores do romance, romanticidas.
Já ninguém se apaixona?
Já ninguém aceita a paixão pura, a saudade sem fim, a tristeza, o desequilí­brio, o medo, o custo, o amor, a doença que é como um cancro a comer-nos o coração e que nos canta no peito ao mesmo tempo?
O amor é uma coisa, a vida é outra. O amor não é para ser uma ajudinha. Não é para ser o alí­vio, o repouso, o intervalo, a pancadinha nas costas, a pausa que refresca, o pronto-socorro da tortuosa estrada da vida, o nosso "dá lá um jeitinho sentimental".
Odeio esta mania contemporânea por sopas e descanso. Odeio os novos casalinhos. Para onde quer que se olhe, já não se vê romance, gritaria, maluquice, facada, abraços, flores.
O amor fechou a loja. Foi trespassada ao pessoal da pantufa e da serenidade.
Amor é amor. É essa beleza. É esse perigo.
O nosso amor não é para nos compreender, não é para nos ajudar, não é para nos fazer felizes.
Tanto pode como não pode. Tanto faz. É uma questão de azar.
O nosso amor não é para nos amar, para nos levar de repente ao céu, a tempo ainda de apanhar um bocadinho de inferno aberto.
O amor é uma coisa, a vida é outra. A vida às vezes mata o amor. A "vidinha" é uma convivência assassina. O amor puro não é um meio, não é um fim, não é um princí­pio, não é um destino.
O amor puro é uma condição. Tem tanto a ver com a vida de cada um como o clima.
O amor não se percebe. Não dá para perceber. O amor é um estado de quem se sente. O amor é a nossa alma. É a nossa alma a desatar. A desatar a correr atrás do que não sabe, não apanha, não larga, não compreende.
O amor é uma verdade. É por isso que a ilusão é necessária. A ilusão é bonita, não faz mal. Que se invente e minta e sonhe o que quiser. O amor é uma coisa, a vida é outra. A realidade pode matar, o amor é mais bonito que a vida.
A vida que se lixe. Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. Ama-se alguém. Por muito longe, por muito difí­cil, por muito desesperadamente. O coração guarda o que se nos escapa das mãos. E durante o dia e durante a vida, quando não esta lá quem se ama, não é ela que nos acompanha - é o nosso amor, o amor que se lhe tem.
Não é para perceber. É sinal de amor puro não se perceber, amar e não se ter, querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado, viver sozinho, triste, mas mais acompanhado de quem vive feliz. Não se pode ceder. Não se pode resistir.
A vida é uma coisa, o amor é outra. A vida dura a Vida inteira, o amor não.
Só um mundo de amor pode durar a vida inteira. E valê-la também


MEC

terça-feira, janeiro 22, 2008

Flamingo Motel



Como leitora atenta do Lifecooler (versão de bolso do Atmosphere Hotels), li um artigo sobre uma nova unidade hoteleira - o Flamingo Motel, em Perafita. E reza assim: "Os motéis são dos locais mais honestos do planeta. Quem se dirige a um destes míticos alojamentos de estrada, discretos e convenientes, sabe sempre ao que vai. Não há equívoco possível. (...) Projectado por Manuel Vecoña, um arquitecto galego que se sente mais em casa no Porto do que em Madrid (...). Mais à frente, e já considerando que até a escolha do arquitecto foi criteriosa, relevam a 'excelente' localização "A localização do motel não podia ser mais estratégica: junto ao aeroporto Sá Carneiro, perto do Porto de Leixões e com a Exponor ali ao lado, o Flamingo está mesmo à mão para quem quer “descansar” convenientemente da viagem ou do trabalho." Um dos motes deste artigo é o de que o grupo que detém o Flamingo Motel quer mudar a má imagem que se tem dos Motéis, mas se contarem apenas com ajuda dos 'jornalistas' do Lifecooler estão tramados. Chamo especial atenção para três pormenores - o 'já sabe ao que vai'; 'a localização estratégica' (entre um aeroporto, um porto de carga, e um Parque de Feiras e Exposições) e para o "descansar" convenientemente das viagens de trabalho.

O que é que se diz Senhor Flamingo? "Obrigada, Lifecooler por...nada"

...ou então não

Sabe bem chegar ao fim do dia e vir para casa relaxar...ou então não. Chamei o elevador à garagem, e já trazia 'brinde' (sempre a sensação 'Please, lá vou eu ter que fazer conversa psicossocial com a vizinhança').

A primeira coisa que oiço foi um belfo 'Filho, dá um xeitinho à chenhora...' - confesso que tive pena do senhor/rapaz - duas crianças entre os 18 e os 24 meses a baterem uma na outra por causa de 4 balões, e ele com uma capa de livros e o porta-chaves na boca, 6 sacos de compras, e 2 mochilas.

Como diz o Povo, essa entidade abstracta, senti-me alcançada e perguntei 'Precisa de ajuda?', responde o senhor/rapaz 'Obixgada, max xáxtou habiguado'. Entretanto as crianças continuaram à estalada e a fazerem chiar a borracha dos balões.

Quando saí no meu andar só me ocorreu um 'Então uma noite descansada'; o olhar que ele me fez deu dó. É mau, eu sei ele não vai ter uma noite descansada, que vai dormir mal e levantar-se cedo, mas saíu-me.

I've Never Said Farewell

Tal como as reconciliações amorosas, também as reblogarizações são de consistência dúbia, mas nunca resistimos a uma boa cabeçada. Tudo o que vem antecedido de um 'Re' soa a algo forçado, e tudo o que se força tende a quebrar.

Tinha duas hipóteses - eXcamar definitivamente o Bodião, ou então abraçar saudosamente o seu corpo viscoso. Optei pela menos feliz, já se está a ver...

Não estava nas minhas mãos, a vida é por defeito, feita a duas velocidades - Bem e Mal, Boi e Vaca, Certo e Errado, Cú e Calças, Cara e Coroa, 0 e 1, Menino e Menina. As probabilidades são sempre de 0,5. Da escolha entre dois caminhos, duas atitudes, duas coisas; mesmo assim escolhemos sempre ao lado.

Reconheço que o compor de menús ao balcão de um qualquer estabelecimento de fast-food mudou um pouco essa rotina - temos sempre que escolher 50 ingredientes com 'n' combinações possíveis (ainda assim perante o desespero da indecisão e da pressão dos senhores de boné, tendemos para a dualidade - ou conseguimos escolher e comemos, ou enlouquecemos e vamos embora).

A vida é tão mais quentinha a duas velocidades (... eu não disse melhor).

Bem, venham daí essas Excamas!!!