sábado, janeiro 23, 2010

A tradição ainda é o que era :)

domingo, março 08, 2009

You are here!

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Compro 'Businas'

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segunda-feira, dezembro 29, 2008

O envelhecimento da carcaça




Sou a prova viva que o envelhecimento da carcaça pode ser diametralmente oposto ao envelhecimento do espírito.
Tive um pequeno 'lack of time' entre o spectrum e a PS3...distraí-me. Não passei pela PS nem pela PS2, nunca toquei numa PSP (respeito muito a autoridade e prezo a heterossexualidade :P).
De repente, quase a subscrever um PPR, uma alma generosa e boa (e também possuidora de uns olhos lindos) despeja-me este gadget cá em casa.E mais, com o Singstar - se me aprumar, vou conseguir fazer as primeiras parte dos concertos do Toy ou do Marante no mês de Agosto

So far so good!

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Olhos que mexem comigo

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segunda-feira, julho 07, 2008

Belfos que mexem comigo I




À semelhança do 'há mar e mar...', 'há belfos e belfos...'. este post é especialmente dedicado aos "Belfos 'Mai Lindos e Fôfôs" (assim mesmo, de bochecha insuflada).

Quantos de nós não recordamos a crueldade dos colegas de escola bullyiando (:P) os belfos da classe repetindo até à exaustão "Xopinha de Maxa"?! Até os 'caixas de óculos' aproveitavam para descarregar a sua frustração e ganharem pontos junto dos cabecilhas.

Ora, constato que muitos belfos ganham um encanto especial - crescem e continuam a dizer "xopinha" - imaginam o marmanjo do Alejandro a dizer "Quero maix xopinha"?! Parte-se-me o coração com tanta ternura, só apetece dar colinho, não é?

O Belfo n.º1 é assim (e sem surpresas) Alejandro Sanz, e que deixa todo o seu belfesplendor resplandescer em 'Corazón Partio' (versão acústica) - é uma graça este Alejandro.

É criada, aos sete dias do mês de Julho de dois mil e oito, a AIABMLF - Associação Ibérica de Apoio aos Belfos Mai Lindos e Fôfôs (www.belfosmailindosefofos.org)

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sexta-feira, junho 20, 2008

Outra vez o Júlio...



Toco tu boca, con un dedo toco el borde de tu boca,
voy dibujándola como si saliera de mi mano,
como si por primera vez tu boca se entreabriera,
y me basta cerrar los ojos para deshacerlo todo y recomenzar,
hago nacer cada vez la boca que deseo, la boca que mi mano elige y
te dibuja en la cara, una boca elegida entre todas, con soberana libertad
elegida por mí para dibujarla con mi mano por tu cara, y que por un azar
que no busco comprender coincide exactamente con tu boca que sonríe por debajo
de la que mi mano te dibuja.
Me miras, de cerca me miras, cada vez más de cerca y entonces jugamos al cíclope,
nos miramos cada vez más de cerca y nuestros ojos se agrandan, se acercan entre sí,
se superponen y los cíclopes se miran, respirando confundidos, las bocas se encuentran
y luchan tibiamente, mordiéndose con los labios, apoyando apenas la lengua en los dientes,
jugando en sus recintos
donde un aire pesado va y viene con un perfume viejo y un silencio.
Entonces mis manos buscan hundirse en tu pelo, acariciar lentamente la profundidad de
tu pelo mientras nos besamos como si tuviéramos la boca llena de flores o de peces,
de movimientos vivos, de fragancia oscura. Y si nos mordemos el dolor es dulce,
y si nos ahogamos en un breve y terrible absorber simultáneo del aliento,
esa instantánea muerte es bella.
Y hay una sola saliva y un solo sabor a fruta madura,
y yo te siento temblar contra mí como una luna en el agua.

J. Cortázar

sábado, abril 26, 2008

Contos fantásticos




Helder Macedo

PARTES DE ÁFRICA (excerto/2)

Logo que aprendi a descer as escadas de bicicleta, desafiei o cão para ir comigo à escola para aprendermos também o alfabeto e a tabuada, as linhas férreas e os rios de Portugal. Durante o alfabeto e a tabuada ele deixava-se ficar resignado debaixo da carteira, mas no Trofa a Fafe e Minho Mira começava a maçar-se: um ou dois bocejos veementes, comichão súbita, orelha arrebitada por algum ruído lá fora, às vezes uma cabeçada na esquina da carteira fazendo preceder por um ganido de trapalhão o vigoroso latir com que saltava pela janela. O senhor professor então zangava-se: se eu queria o cão na aula, tinha de se portar bem, como toda a gente. E um dia até lhe recusou a entrada. Os ganidos na varanda foram tão insistentes, a solidariedade dos camaradas na sala de aulas tão unânime, que acabou por ser readmitido, não se esquecendo de ir primeiro agradecer-lhes, um a um, de cauda contente, antes de se enroscar de novo no seu lugar. Mas era congenitamente indisciplinado e safou-se à hora do costume. E depois da aula lá fomos ter com ele, à beira do Incomati, onde o encontrávamos sempre a espantar pássaros, a rosnar de longe aos jacarés espapaçados na areia e a comparar mentalmente tamanhos de rios.

quinta-feira, abril 17, 2008

Iluminura do banco da Praça

Você não perguntou se eu podia, ou se devia.
Você não me diminuiu para se sentir mais forte.
Você não se escandalizou com a mentira; eu não completei a verdade.
Você não pensou no futuro, não pesou as conseqüências, não penou antes da hora.
Você não se protegeu do que desconhecia.
Não alertou que sofreria comigo, e que depois não sairia ilesa.
Você não me forçou a adivinhá-la.
Não apelou para o bom senso.
Você não me inventou, muito menos queimou o rascunho.
Você não me ameaçou com gentilezas.
Não me incriminou com seus temores, não explicou seus traumas.
Não se fez de vítima como se eu estivesse atacando.
Não, você me carregou nos ombros pela cintura. Os dois dedos dentro do meu cinto empurrando a dança.
Não me solicitou prova, testemunhas, sinais.
Não emprestou a Deus o que acontecia em segredo.
Você lembrou do sinal-da-cruz longe da igreja.
Não me julgou por antigos amores.
Não me condicionou a amar como estava acostumada.
Não esperou que eu pronunciasse o que vinha escrito em carta.
Você me olhava com os cabelos.
Você não pediu fiança, recompensa, para se entregar.
Você veio com a roupa do corpo, com o corpo ainda sem culpa.
Você me fechou em suas pernas e deixou a porta aberta do quarto.
Você me exilou no desejo para me repatriar aos poucos.
Você esqueceu as janelas chiando na cozinha.
Você foi incapaz de me constranger quando desisti de responder.
Você não me incitou a casar contigo, não me incitou a namorar.
Você não isolou minhas frases, não alegou que era uma fase.
Você me perdoou como se não existisse.
Você me fez existir para que perdurasse.
Você não me reclamou distante, não cobrou que mandasse notícias.
Você desaparecia quando desaparecia e voltava quando voltava.
Você me afirmava quando me confundia.
Você segurava a nudez para que subisse.
Você não me comparou a ninguém, muito menos aquilo que já fui.
Você não me subornou com a infância ou com o medo da morte.
Você não explorou meus segredos para usá-los.
Você não quis que falasse para preencher as falhas.
Você arredondou os defeitos pela pressa de cuidá-los.
Você foi generosa com os meus ouvidos, confiando mais no vento do que na palavra.
Você me permitiu.
Você me entendeu ao não entender.

Você não teve nada a ver comigo - finalmente eu não me repetia.


Fabrício Carpinejar

sábado, março 15, 2008

Mr. Maio



E vão 5!

quarta-feira, fevereiro 27, 2008

Liga de Cavalheiros




A nossa mente é muito traiçoeira. Hoje descobri finalmente o paradeiro da minha 'Liga de Cavalheiros'. Ainda ontem tinha perguntado ao meu irmão, com tom profundamente desconfiado(e mão mentalmente na anca)'Olha lá, não és tu que tens a minha Liga de Cavalheiros'? 'Não' respondeu-me ele completamente alheado quase como que dizendo 'Eu não tenho tempo para pornografias, ando há dois anos a mudar fraldas'. Realmente perguntar 'pela minha Liga de Cavalheiros' soa mal.

Hoje estava de cyber-talking com uma amiga com a qual não falava há umas semanas, e ela diz-me 'Estou aqui de conversa com o N., e está a mandar-te beijos'. Não tardaram 5 minutos que não estivesse já também a falar com N.,e nas despedidas ele diz:

A SIDE

27-02-2008 22:58:05 N. Me ver se nos vemos
27-02-2008 22:58:10 Me N. sim
27-02-2008 22:58:12 N. Me ela tem a tua liga de cavalheiros a cabra!
27-02-2008 22:58:20 Me N. ah, e eu não sabia quem era
27-02-2008 22:58:53 N. Me lolllllllllllllllllllll
27-02-2008 22:59:03 N. Me ela devolve é tão honesta que irrita
27-02-2008 22:59:15 Me N. lol
27-02-2008 23:01:03 Me N. beijocas e obrigada pela denúncia
27-02-2008 23:01:08 Me N. bufo


B SIDE

27-02-2008 22:58:34 Me PP o N. denunciou-te
27-02-2008 22:58:41 Me PP disse que eras tu que tinhas a minha liga de cavalheiros
27-02-2008 22:58:49 PP Me então?
27-02-2008 22:58:51 Me PP mas eu achava que tu já me a tinhas entregue
27-02-2008 22:59:04 PP Me sim
27-02-2008 22:59:08 PP Me é verdade
27-02-2008 22:59:19 PP Me N., jfbaksjlçflsdlrk
27-02-2008 22:59:48 Me PP sério, ainda ontem perguntei ao meu mano 'Escuta tens a minha liga de cavalheiros?'
27-02-2008 22:59:53 PP Me sim, temos um café combinado há uns dois anos para eu te devolver, lembras-te?
27-02-2008 23:00:02 PP Me lol
27-02-2008 23:00:03 Me PP lembro
27-02-2008 23:00:09 Me PP agora vai ser ali no chiado
27-02-2008 23:00:14 Me PP ficamos mais perto
27-02-2008 23:00:29 PP Me ok
27-02-2008 23:00:57 PP Me mas o local nunca foi o problema, a questão sempre foi: nunca mais marcamos uma data
27-02-2008 23:01:27 Me PP há muitos casamentos que não chegam a ser por causa disso


domingo, fevereiro 17, 2008

Pérola #2 - Condoída com Cio




Pela ordem da explosão de ideias, esta deveria ser a Pérola #1. Mas podemos sempre aplicar-lhe o 'last but not least', e ficamos resolvidos.
Ainda em torno do vinho, da cerveja, do grão, da salada, e há pouco esqueci-me, do gelado de cookies de côcô, a C. teve outra extraordinária tirada, comparável a outra de há 12 anos(+/-). A Íris tinha atacado a S., e todos nós resolvemos falar do seu mau feitio e contar episódios em que fomos igualmente atacados à traição. O T., para achincalhar, vai rebuscar a teoria de que a gata é esquizofrénica por ter sido esvaziada cruelmente pela esterilização, e está em revolta. A C. em defesa de si própria, retrocede até à fase em que a Íris ainda estava com a mãe e diz 'eu recordo ainda ela era pequenina, de voar e aterrar com as quatro patas em cima da barriga da mãe, indiferente ao facto de ela estar condoída com cio'. Sim, CONDOÍDA COM CIO. Mas que bela expressão, e que me irá acompanhar pela vida fora sempre que vir alguém mais ou menos ressabiado. Era simples dizer ressabiada, mas ela estando em Lisboa, vai a Braga para ir para Almada.
Há uns 12 anos, ainda a Papa-Léguas não tinha descoberto uma certa aldeia abandonada ali para os lados de Mafra, nós fomos para lá acampar (só não tenho a certeza de a S. estar lá também). Sítio lindo, cheio de pirilampos, no cimo de um cerro de onde se avista o Palácio da Pena. Essa aldeia servia de abrigo a pastores e aos rebanhos, pelo que as casas onde podíamos dormir que não estivessem cheias de excrementos eram poucas, e 'dormíamos' por turnos (bons tempos). Os bancos eram pedras bem aguçadas, e por volta das 5.00 cheia de frio e sono digo eu para a C. 'Eh pá, dói-me o cú de estar aqui sentada na pedra', C. inconscientemente snob diz 'Eh pá, eu também de dói o cócix'.
Só tu C., mas são estas coisas que nos unem há quase 23 anos. E o melhor, é que temos refinado com o passar dos anos.

Pérola #1 - Enquanto sinto que ainda sou uma Deusa



Este fim de semana foi 'deveras profícuo' em chavões. Há anos que eu e a C. somos atrozes caçadoras de chavões e imagens, e acabamos por caçar em circuito fechado; forçamos as conversas e as palavras até fazê-las deitar sangue, em espirais que só nos entendemos. Mas por vezes, no meio dessas espirais surgem frases deliciosas que de profundas que são nos fazem explodir de riso.
Contexto: Almoço de sábado, tardio como se deseja, daqueles que embora combinados para as 14:30, ainda conseguimos chegar atrasados e sonolentos. Somos cinco, eu, o HP., a C., a S. e o T. Ao fim de 5 minutos as primeiras embirrações, bocas e indirectas com mais de 10 anos mas que fazemos questão de repetir em cada vez que nos reunimos.
O mais velho, HP, com as dores dos 40, o benjamim, T., fresquinho nos seus 30 anos. No meio a S. (34), eu (35) e a C.(36).
Este foi o nosso almoço de ano novo, e inevitavelmente que caímos aqui e acolá no existencialismo; nas oportunidades que não voltam, nas que não quisemos, nas desculpas por não termos tido coragem. A S. era a optimista de serviço, mística por defeito, e tentava animar a C. por não ter prosseguido uma carreira nas artes, e como todos nós, estar presa ao quotidiano, e foi aqui que surgiu uma das pérolas da tarde. A C. puxa de todo o seu interior e diz
mas eu quero ter uma vida nova enquanto sinto que ainda sou uma Deusa
- foi o êxtase. Ainda remetemos a frase para o contexto do sentir do peso do corpo que nos prende a alma, mas já não havia nada a fazer, caímos na perdição do riso, se pensarmos que estávamos no meio de garrafas de cerveja, vinho, restos de salada e grão. Só quem ficou atónita foi a Íris, a gata esquizofrénica. Obrigada, C. por mais uma pérola. Vai ficar na sala dos troféus, logo ali acima da lareira.

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sexta-feira, fevereiro 15, 2008

Eu não vi, mas dizem que...


Last night or the night before that,
I won´t say which night
A seaman friend of mine,
I´ll not say which seaman,
Walked up to a big old building,
I won´t say which building,
And would not have walked up the stairs,
not to say which stairs,
If there had not been two girls,
leaving out the names of those two girls.

I recall a door, a big long room,
I´ll not tell which room,
I remember a big blue rug,
but I can´t say which rug,
A girl took down a book of poems,
not to say which book of poems
And as she read I laid my head,
and I can´t tell which head,
Down in her lap, and I can mention which lap

My seaman buddy and girl moved off
after a couple of pages and there I was,
All night long, laying and listening
and forgetting the poems.
And as well as I could recall,
or my seaman could recollect,
My girl had told us that she was a niece
of Walt Whitman, but not which niece,
And it takes a night and a girl
and a book of this kind
A long long time to find its way back


Walt Whitman's Niece
Billy Bragg & Wilco

segunda-feira, fevereiro 11, 2008

Rifa-se




Rifa-se um coração
Rifa-se um coração quase novo.
Um coração idealista.
Um coração como poucos.
Um coração à moda antiga.
Um coração moleque que insiste
em pregar peças no seu usuário.
Rifa-se um coração que na realidade está um
pouco usado, meio calejado, muito machucado
e que teima em alimentar sonhos e, cultivar ilusões.
Um pouco inconseqüente que nunca desiste
de acreditar nas pessoas.
Um leviano e precipitado coração
que acha que Tim Maia
estava certo quando escreveu...
"...não quero dinheiro, eu quero amor sincero,
é isso que eu espero...".
Um idealista...Um verdadeiro sonhador...
Rifa-se um coração que nunca aprende.
Que não endurece, e mantém sempre viva a
esperança de ser feliz, sendo simples e natural.
Um coração insensato que comanda o racional
sendo louco o suficiente para se apaixonar.
Um furioso suicida que vive procurando
relações e emoções verdadeiras.
Rifa-se um coração que insiste em cometer
sempre os mesmos erros.
Esse coração que erra, briga, se expõe.
Perde o juízo por completo em nome
de causas e paixões.
Sai do sério e, às vezes revê suas posições
arrependido de palavras e gestos.
Este coração tantas vezes incompreendido.
Tantas vezes provocado.
Tantas vezes impulsivo.
Rifa-se este desequilibrado emocional
que abre sorrisos tão largos que quase dá
pra engolir as orelhas, mas que
também arranca lágrimas
e faz murchar o rosto.
Um coração para ser alugado,
ou mesmo utilizado
por quem gosta de emoções fortes.
Um órgão abestado indicado apenas para
quem quer viver intensamente
contra indicado para os que apenas pretendem
passar pela vida matando o tempo,
defendendo-se das emoções.
Rifa-se um coração tão inocente
que se mostra sem armaduras
e deixa louco o seu usuário.
Um coração que quando parar de bater
ouvirá o seu usuário dizer
para São Pedro na hora da prestação de contas:
"O Senhor pode conferir. Eu fiz tudo certo,
só errei quando coloquei sentimento.
Só fiz bobagens e me dei mal
quando ouvi este louco coração de criança
que insiste em não endurecer e,
se recusa a envelhecer"
Rifa-se um coração, ou mesmo troca-se por
outro que tenha um pouco mais de juízo.
Um órgão mais fiel ao seu usuário.
Um amigo do peito que não maltrate
tanto o ser que o abriga.
Um coração que não seja tão inconseqüente.
Rifa-se um coração cego, surdo e mudo,
mas que incomoda um bocado.
Um verdadeiro caçador de aventuras que ainda
não foi adotado, provavelmente, por se recusar
a cultivar ares selvagens ou racionais,
por não querer perder o estilo.
Oferece-se um coração vadio,
sem raça, sem pedigree.
Um simples coração humano.
Um impulsivo membro de comportamento
até meio ultrapassado.
Um modelo cheio de defeitos que,
mesmo estando fora do mercado,
faz questão de não se modernizar,
mas vez por outra,
constrange o corpo que o domina.
Um velho coração que convence
seu usuário a publicar seus segredos
e a ter a petulância de se aventurar como poeta.


Clarice Lispector

quinta-feira, fevereiro 07, 2008

Mr. Abril



...mais especificamente, Mr. 1 de Abril, este homem é irreal!

Mr. Março



Não vou dizer que fui obrigada porque há que reconhecer o 'valor intrínseco' do artista, mas sim, fui alvo de pressões para escolher Patrick Dempsey como Mr. Março. Os bastidores e os lobbies de Hollywood, por comparação aos bastidores e aos lobbies do Bodião, são uma brincadeira de crianças...

terça-feira, fevereiro 05, 2008

Oliver...my twist

 
Posted by Picasa

segunda-feira, fevereiro 04, 2008

Intoxicated Hands



She took advantage of intoxicated hands
and he pretended to be asleep
but underneath the blankets
their legs linked like a chain

Now come tomorrow morning
how will you explain?

Was it that whiskey talking
or is it your heart
that made you say I love you to me
as you held me in your arms
and you'll have the explination
for that, what has come about

I loved you, seven long years
and now, that you found me out
just get out

I was just like the others
I wanted to be more

Shame it took that whiskey baby
to bring me to your door
you'll have the explanations
for that what has come about
when I loved you seven long years
my boy and
now that you found me out
Just get out


Damien Jurado

domingo, fevereiro 03, 2008

Lidl...uma espécie de Viagra




Esta semana tive a oportunidade de observar novamente e bem de perto o tabú do Lidl.

Sendo a rede lojas que mais mercado tem ganho nos últimos anos, é curioso que poucas são as pessoas que admitem lá ir. Sempre fomos provincianos, e com dificuldade em balancear o binómio qualidade/preço.

Na quinta-feira esta cadeia abriu uma outra loja nas Avenidas Novas, e de passagem para o almoço deparei-me com cachos de senhoras cheias de madeixas e cabelo armado a comentarem a abertura da loja e suas qualidades. O engraçado era o 'Dizem que os iogurtes são bons', 'Ouvi dizer que assim para comprar aquelas coisas mais comuns é bom', 'Eu não sei, mas disseram-me que os detergentes são bons, e para o que é, servem bem'.

É como o Viagra, não há um único que homem que seja capaz de dizer 'Eu tomo' mas o que é certo é que se vendem milhares de embalagens todos os meses em Portugal. Mais um milagre para juntar à obra e graça do Espírito Santo.


PS - É verdade, a seguir ao almoço fui lá comprar uns 'xiclates' para roer de tarde, 'Dizem que são bons', 'Diz que sim, que são' ;P

wii...wiiiiiiiiiiiiii



Não vai haver barbatana que me impeça de abraçar (em breve) uma linda e 'baravilhosa' wii. Gostei da sensação de 'interacção', à parte de ter ouvido muitos Out's,...WANT ONE!!!!

Do querer




Não somos diferentes uns dos outros quando se trata do querer. Contudo, somos como os felinos.

O jogo do gato e do rato, esse inecessante vaivém; jogo de sombras, de recantos, de perseguições e fugas. Como duas rectas paralelas, sempre próximas, sem se tocarem; ao gato e ao rato acresce o facto de nunca se verem - apenas sentem a presença mútua.


O gato que caça um rato, não o faz por fome, fá-lo pelo desafio - aperta, estrafega, abocanha. Persegue-o enquanto ele lhe dá luta e lhe tenta resistir.
Quando o rato fica extenuado ou se finge de morto, deixa de ter para o gato qualquer interesse.


Assim somos nós se o outro cessa procura, movimentos, atitudes ou gestos - perdemos o interesse, a loucura, a paixão.

quinta-feira, janeiro 31, 2008

Axe Dark Temptation

quarta-feira, janeiro 30, 2008

Mr. Fevereiro #2 Divino



Se eu fosse católica, que não sou - 'sou ateia, graças a Deus' - diria que Cristo só podia ser assim. Não poderia ter outro rosto.

Mr. Fevereiro #1 Sedutor



Com a escolha do Mr. Fevereiro deparei-me com um problema - a escolha da melhor foto para figurar no calendário. Made in Taiwan, Takeshi Kaneshiro (a quem a mãezinha prefere chamar carinhosamente de Jincheng Wu) tem 34 generosos anos. E esta foto não pode ficar de fora, não pode mesmo.

domingo, janeiro 27, 2008

Mr. Lorca




E porque o alimento para alma também me é muito caro, queria mostrar-vos uma edição do 'Poeta en Nueva York' de Federico García Lorca que comprei há já 10 anos. É uma edição comemorativa do centenário de García Lorca. Esta é especial para mim porque para além das palavras de Lorca, tem ilustrações de Rafael Alberti; nelas Alberti pôs toda admiração, gratidão, amizade e saudade que sente por Lorca.

Quando forem a Espanha esqueçam lá os caramelos e as Galerias Preciados.

Mr. Janeiro





O Expresso tinha na sua edição online a notícia de que o gay mais popular do mundo é brasileiro, e que o mais bonito é argentino, tendo vencido a edição 2008 do Concurso Mr. Gay Internacional.

Pois é, Deus pode ser brasileiro, mas o Mafarrico é definitivamente argentino - Carlos Fábian Melia, 33 aninhos bem feitos.

Há algum tempo que penso em criar o meu próprio calendário. Se algum dia me tornar camionista ou mecânica já tenho material para o 'decor'. Este calendário obedecerá a critérios estéticos - a beleza não tem orientação sexual. Com data de publicação marcada para Dezembro de 2008, a escolha dos 12 Misters será feita quanto antes. Assim, o Carlos Melia vai ser o Mr. Janeiro.




Sempre que me apetece, quero



Querer alguém, ou alguma coisa, é muito fácil. Mesmo assim, olhar e sentirmo-nos querer, sem pensar no que estamos a fazer, é uma coisa mais bonita do que se diz. Antes de vermos a pessoa, ou a coisa, não sabíamos que estávamos tão insatisfeitos. Porque não estávamos. Mas, de repente, vemo-la e assalta-nos a falta enorme que ela nos faz. Para não falar naquela que nos fez e para sempre há-de fazer. Como foi possível viver sem ela? Foi uma obscenidade. Querer é descobrir faltas secretas, ou inventá-las na magia do momento. Não há surpresa maior.
O que é bonito no querer é sentirmo-nos subitamente incompletos sem a coisa que queremos. Quanto mais bela ela nos parece, mais feios nos sentimos. Parte da força da nossa vontade vem da força com que se sente que ela nunca poderia querer-nos como nós a queremos. Querer é sempre a humilhação sublime de quem quer. Por que razão não nos sentimos inteiros quando queremos? É porque a outra pessoa, sem querer, levou a parte melhor que havia em nós, aquela que nos faz mais falta. É a parte de nós que olha por nós e nos reconcilia connosco. Quanto mais queremos outra pessoa, menos nos queremos a nós…(...)

Querer é mais forte que desejar, pelo menos na nossa língua. Querer é querer ter, é ter de ter. Querer tem mesmo de ser. Na frase felicíssima que os Portugueses usam, “o que tem de ser tem muita força”. Desejar tem menos. É condicional. Quem deseja, desejaria. Quem deseja, gostaria. Seria bom poder ter o que se deseja, mas o que se deseja não dá vontade de reter, se calhar porque são muitas as coisas que se desejam e não se pode ter todas ao mesmo tempo.
Querer é querer ter e guardar, é uma vontade de propriedade; enquanto desejar é querer conhecer e gozar, é uma vontade de posse. O querer diminui-nos, mas o desejar não. Sabemos que somos completos quando desejamos - desejamos alguém de igual para igual. Quando queremos é diferente - queremos alguém com a inferioridade de quem se sente incapacitado diante de quem parece omnipotente. O desejo é democrático, mas o querer é fascista.
O que desejamos, dava-nos jeito; o que queremos fez-nos mesmo falta. Mas tanto desejar como querer são muito fáceis. Ter, isto é, conseguir mesmo o que se quer é mais difícil. E reter o que se tem, guardando-o e continuando a querê-lo, tanto como se quis antes de se ter, é quase impossível. Há qualquer coisa que se passa entre o momento em que se quer e o momento em que se tem. O que é?

Quando se quer realmente, dar-se-ia tudo por ter. A coisa ou a pessoa que se quer têm o valor imediato igual a todas as coisas e pessoas que já se têm. Trocavam-se todas as namoradas, ou todos os namorados, que já se namoraram, pelo namoro de uma única pessoa que se quer namorar. É esta a violência. É esta a injustiça. Mas é esta também a beleza. Quem aceitaria que um novo amor significasse apenas parte de uma vida? Não sendo a vida inteira, não sendo tudo o que importa, numa dada altura, num dado estado do coração, porque nos havíamos de ralar? (…) O querer é bonito porque, concentrando-se na coisa ou na pessoa que se quer, elimina o resto do mundo. O resto do mundo é uma entidade muito grande que tem graça e tem valor eliminar. Querer um homem em vez de todos os outros homens, uma mulher em vez de todas as outras mulheres é fazer a escolha mais impossível e bela. Acho que se pode ter tudo o que se quer de muitas pessoas ao mesmo tempo, mas que não se pode querer senão uma pessoa. Ter todas as pessoas não chega para nos satisfazer, mas basta querer só uma, e não a ter, para nos insatisfazer. É por isso que se tem de dar valor à vontade. Poder-se-á querer ter alguém, sem querer também ser querido por essa pessoa? Eu não sei. Como raramente temos o que queremos ter ou queremos bem ao que temos, é boa ideia dar uma ideia da atitude que se pretende. Em primeiro lugar, convém mentalizar-mo-nos que querer é desejável só por si, pelo que querer significa. Quem tem tudo e não quer nada é como quem é amado por todos sem ser capaz de amar ninguém. Dizer e sentir “eu quero” é reconhecer, da maneira mais forte que pode haver, a existência de outra pessoa e de nós. Eu quero, logo existes. Eu quero-te, logo existo. Em segundo lugar, ter também não é tão bom como se diz. Ter alguém ocupa um espaço vital que às vezes é mais bonito deixar vazio. (…) Ter o que se quis não é tão bom como se diz, nem querer o que não se tem é assim tão mau. O segredo deve estar em conseguir continuar a querer, não deixando de ter. Ou, por outras palavras, o melhor é continuar a ser querido sem por isso deixar de ser tido. O que é que todos nós queremos, no fundo dos fundos? Queremos querer. Queremos ter. Queremos ser queridos. Queremos ser tidos. É o que nos vale: afinal queremos exactamente o que os outros querem. O problema é esse.

MEC

Outras Paixões



O nosso coração é de um tamanho imenso, tem muitos recantos. Com o passar dos anos vamos percebendo que podemos lá guardar uma infinidade de coisas, e de forma arbitrária, que não temos de escolher qual vem em primeiro lugar ou em segundo - todas nos fazem falta, todas têm qualquer coisa de especial que fizeram delas paixões aos nossos olhos. Esta é mais uma das paixões que lá guardo; aquela que me permite fazer 'punches' de momentos vividos, que me permite obrigar o tempo a voltar atrás.

sexta-feira, janeiro 25, 2008

Keep it Simple - Smog

quinta-feira, janeiro 24, 2008

Blood Embrasse





I would not fight with hands or words
Another man – no, that's absurd
Or would Iand would victory betray me
Or is that what she's waiting on
A pounding down, one standing man
To kiss her in a blood embrace of victory
Or would I give her up at all
Because I know it could not be better
To live without what she provides
When we're alone and I undress her
Does she test me, does she know
That I would never turn and go
But fight another, if that's what she'd have me do


Janet: Charlie... I've been with another man.
Well aren't you gonna say anything?
You're just gonna sit there?
Oh Charlie, I didn't know when you were coming back or if you ever
would.
I tell you the men around here don't respect anything.
If I told you all the guys that called me up...
And then Cliff,
He didn't make a pass at me.
I mean he didn't even... do it at all, Charlie.
I knew what he wanted, but...he never did anything about it.
And then it just seemed like the two of us just had to.

Charlie: I don't think I'm up for any more of this.
Why don't you go to bed. We'll work this all out.

Janet: What are you gonna do?

Charlie: I'm just gonna sit here.




by Matt Sweeney with Bonnie Prince Billy

quarta-feira, janeiro 23, 2008

Abaixo o 'tá-se'!

Há coisas que não são para se perceberem. Esta é uma delas. Tenho uma coisa para dizer e não sei como hei-de dizê-la. Muito do que se segue pode ser, por isso, incompreensível.
A culpa é minha. O que for incompreensível não é mesmo para se perceber. Não é por falta de clareza. Serei muito claro. Eu próprio percebo pouco do que tenho para dizer. Mas tenho de dizê-lo.
O que quero é fazer o elogio do amor puro. Parece-me que já ninguém se apaixona de verdade. Já ninguém quer viver um amor impossível. Já ninguém aceita amar sem uma razão.
Hoje as pessoas apaixonam-se por uma questão de prática. Porque dá jeito. Porque são colegas e estão ali mesmo ao lado. Porque se dão bem e não se chateiam muito. Porque faz sentido. Porque é mais barato, por causa da casa. Por causa da cama. Por causa das cuecas e das calças e das contas, da lavandaria.
Hoje em dia as pessoas fazem contratos pré-nupciais, discutem tudo de antemão, fazem planos e à mínima merdinha entram logo em "diálogo". O amor passou a ser passível de ser combinado.
Os amantes tornaram-se sócios. Reunem-se, discutem problemas, tomam decisões.
O amor transformou-se numa variante psico-socio-bio-ecológica de camaradagem. A paixão, que devia ser desmedida, é na medida do possí­vel.
O amor tornou-se uma questão prática. O resultado é que as pessoas, em vez de se apaixonarem de verdade, ficam "praticamente" apaixonadas.
Eu quero fazer o elogio do amor puro, do amor cego, do amor estúpido, do amor doente, do único amor verdadeiro que há, estou farto de conversas, farto de compreensões, farto de conveniências de serviço. Nunca vi namorados tão embrutecidos, tão cobardes e tão comodistas como os de hoje. Incapazes de um gesto largo, de correr um risco, de um rasgo, de ousadia, são uma raça de telefoneiros e capangas de cantina, malta do "tá bem, tudo bem", tomadores de bicas, alcançadores de compromissos, bananóides, borra-botas, matadores do romance, romanticidas.
Já ninguém se apaixona?
Já ninguém aceita a paixão pura, a saudade sem fim, a tristeza, o desequilí­brio, o medo, o custo, o amor, a doença que é como um cancro a comer-nos o coração e que nos canta no peito ao mesmo tempo?
O amor é uma coisa, a vida é outra. O amor não é para ser uma ajudinha. Não é para ser o alí­vio, o repouso, o intervalo, a pancadinha nas costas, a pausa que refresca, o pronto-socorro da tortuosa estrada da vida, o nosso "dá lá um jeitinho sentimental".
Odeio esta mania contemporânea por sopas e descanso. Odeio os novos casalinhos. Para onde quer que se olhe, já não se vê romance, gritaria, maluquice, facada, abraços, flores.
O amor fechou a loja. Foi trespassada ao pessoal da pantufa e da serenidade.
Amor é amor. É essa beleza. É esse perigo.
O nosso amor não é para nos compreender, não é para nos ajudar, não é para nos fazer felizes.
Tanto pode como não pode. Tanto faz. É uma questão de azar.
O nosso amor não é para nos amar, para nos levar de repente ao céu, a tempo ainda de apanhar um bocadinho de inferno aberto.
O amor é uma coisa, a vida é outra. A vida às vezes mata o amor. A "vidinha" é uma convivência assassina. O amor puro não é um meio, não é um fim, não é um princí­pio, não é um destino.
O amor puro é uma condição. Tem tanto a ver com a vida de cada um como o clima.
O amor não se percebe. Não dá para perceber. O amor é um estado de quem se sente. O amor é a nossa alma. É a nossa alma a desatar. A desatar a correr atrás do que não sabe, não apanha, não larga, não compreende.
O amor é uma verdade. É por isso que a ilusão é necessária. A ilusão é bonita, não faz mal. Que se invente e minta e sonhe o que quiser. O amor é uma coisa, a vida é outra. A realidade pode matar, o amor é mais bonito que a vida.
A vida que se lixe. Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. Ama-se alguém. Por muito longe, por muito difí­cil, por muito desesperadamente. O coração guarda o que se nos escapa das mãos. E durante o dia e durante a vida, quando não esta lá quem se ama, não é ela que nos acompanha - é o nosso amor, o amor que se lhe tem.
Não é para perceber. É sinal de amor puro não se perceber, amar e não se ter, querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado, viver sozinho, triste, mas mais acompanhado de quem vive feliz. Não se pode ceder. Não se pode resistir.
A vida é uma coisa, o amor é outra. A vida dura a Vida inteira, o amor não.
Só um mundo de amor pode durar a vida inteira. E valê-la também


MEC

terça-feira, janeiro 22, 2008

Flamingo Motel



Como leitora atenta do Lifecooler (versão de bolso do Atmosphere Hotels), li um artigo sobre uma nova unidade hoteleira - o Flamingo Motel, em Perafita. E reza assim: "Os motéis são dos locais mais honestos do planeta. Quem se dirige a um destes míticos alojamentos de estrada, discretos e convenientes, sabe sempre ao que vai. Não há equívoco possível. (...) Projectado por Manuel Vecoña, um arquitecto galego que se sente mais em casa no Porto do que em Madrid (...). Mais à frente, e já considerando que até a escolha do arquitecto foi criteriosa, relevam a 'excelente' localização "A localização do motel não podia ser mais estratégica: junto ao aeroporto Sá Carneiro, perto do Porto de Leixões e com a Exponor ali ao lado, o Flamingo está mesmo à mão para quem quer “descansar” convenientemente da viagem ou do trabalho." Um dos motes deste artigo é o de que o grupo que detém o Flamingo Motel quer mudar a má imagem que se tem dos Motéis, mas se contarem apenas com ajuda dos 'jornalistas' do Lifecooler estão tramados. Chamo especial atenção para três pormenores - o 'já sabe ao que vai'; 'a localização estratégica' (entre um aeroporto, um porto de carga, e um Parque de Feiras e Exposições) e para o "descansar" convenientemente das viagens de trabalho.

O que é que se diz Senhor Flamingo? "Obrigada, Lifecooler por...nada"

...ou então não

Sabe bem chegar ao fim do dia e vir para casa relaxar...ou então não. Chamei o elevador à garagem, e já trazia 'brinde' (sempre a sensação 'Please, lá vou eu ter que fazer conversa psicossocial com a vizinhança').

A primeira coisa que oiço foi um belfo 'Filho, dá um xeitinho à chenhora...' - confesso que tive pena do senhor/rapaz - duas crianças entre os 18 e os 24 meses a baterem uma na outra por causa de 4 balões, e ele com uma capa de livros e o porta-chaves na boca, 6 sacos de compras, e 2 mochilas.

Como diz o Povo, essa entidade abstracta, senti-me alcançada e perguntei 'Precisa de ajuda?', responde o senhor/rapaz 'Obixgada, max xáxtou habiguado'. Entretanto as crianças continuaram à estalada e a fazerem chiar a borracha dos balões.

Quando saí no meu andar só me ocorreu um 'Então uma noite descansada'; o olhar que ele me fez deu dó. É mau, eu sei ele não vai ter uma noite descansada, que vai dormir mal e levantar-se cedo, mas saíu-me.

I've Never Said Farewell

Tal como as reconciliações amorosas, também as reblogarizações são de consistência dúbia, mas nunca resistimos a uma boa cabeçada. Tudo o que vem antecedido de um 'Re' soa a algo forçado, e tudo o que se força tende a quebrar.

Tinha duas hipóteses - eXcamar definitivamente o Bodião, ou então abraçar saudosamente o seu corpo viscoso. Optei pela menos feliz, já se está a ver...

Não estava nas minhas mãos, a vida é por defeito, feita a duas velocidades - Bem e Mal, Boi e Vaca, Certo e Errado, Cú e Calças, Cara e Coroa, 0 e 1, Menino e Menina. As probabilidades são sempre de 0,5. Da escolha entre dois caminhos, duas atitudes, duas coisas; mesmo assim escolhemos sempre ao lado.

Reconheço que o compor de menús ao balcão de um qualquer estabelecimento de fast-food mudou um pouco essa rotina - temos sempre que escolher 50 ingredientes com 'n' combinações possíveis (ainda assim perante o desespero da indecisão e da pressão dos senhores de boné, tendemos para a dualidade - ou conseguimos escolher e comemos, ou enlouquecemos e vamos embora).

A vida é tão mais quentinha a duas velocidades (... eu não disse melhor).

Bem, venham daí essas Excamas!!!

sexta-feira, junho 17, 2005


At Least...

segunda-feira, junho 13, 2005

Eugénio de Andrade 1923-2005


in "Público" 18/3/1990

Adeus

Já gastámos as palavras pela rua, meu amor,
e o que nos ficou não chega
para afastar o frio de quatro paredes.
Gastámos tudo menos o silêncio.
Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,
gastámos as mãos à força de as apertarmos,
gastámos o relógio e as pedras das esquinas
em esperas inúteis.

Meto as mãos nas algibeiras e não encontro nada.
Antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro;
era como se todas as coisas fossem minhas:
quanto mais te dava mais tinha para te dar.
Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes.
E eu acreditava.
Acreditava,
porque ao teu lado
todas as coisas eram possíveis.

Mas isso era no tempo dos segredos,
era no tempo em que o teu corpo era um aquário,
era no tempo em que os meus olhos
eram realmente peixes verdes.
Hoje são apenas os meus olhos.
É pouco mas é verdade,
uns olhos como todos os outros.

Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: meu amor,
já não se passa absolutamente nada.
E no entanto, antes das palavras gastas,
tenho a certeza
de que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração.

Não temos já nada para dar.
Dentro de ti
não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.

Adeus.

Eugénio de Andrade

Álvaro Cunhal 1913-2005


Visão Online

Palavras para quê? Arriscava-me a que dissessem "Olhe que não! Olhe que não!"

quarta-feira, junho 08, 2005

Frank Lloyd Wright



Há pessoas que nascem com o dom de iludir os nossos sentidos fazendo-nos acreditar na perfeição.

quinta-feira, maio 05, 2005

+"!#????!!!!! Resulta!

segunda-feira, abril 25, 2005

Chain mails

Recebi hoje mais um daqueles 'Chain Mails' que costumo apagar sem ler, mas desta feita resolvi rebater alguns destes pontos. A primeira coisa a dizer é que certamente o autor deste mail deve ter p'rá aí uns 20/22 aninhos e tem a mania que é 'eXperto':

Os sinais de que, já não estás jovem, acontecem quando (ficas 'Esperto'):

1- Fazer sexo no carro é um absurdo;
( não é absurdo, é menos frequente. Sabes, a malta 'velha' tem é casa...com muitas divisões..., e também não tem problemas em ir para um Hotel...pode pagar o alojamento)
2- Há mais comida do que bebidas, no frigorífico;
(a malta tem as bebidas na garrafeira, se quiser uma coisa mais fresquinha põe gelo, ou antecipa a refrigeração. Não há aquele espírito Lampião de ter o frigorífico atestado de cerveja...Cristal)
3- 6:00 da manhã, é quando acordas e não... quando vais dormir;
(vai uma apostinha que o menino se deita à meia-noite?!)
4- A tua música favorita toca num elevador;
(a minha música favorita data de um tempo em que eu não era ainda nascida)
5- Levas sempre um guarda-chuva e dás a maior importância, à previsão do tempo;
(não, gosto de arriscar!)
6- Os teus amigos casam-se e divorciam-se, em vez de começarem e terminarem;
(Wrong, continuam a começar e terminar; o casamento e o divórcio só acontece de facto porque já sabem assinar o nome, ou porque tiveram um ataque de juventude)
7- As tuas férias caem de 130, para 15 dias por Ano;
(se trabalhasse sabia que no mínimo existem 22 dias úteis de férias, e sobem exponencialmente se fizer parte do patronato e tiver jovens como tu a serem explorados em part-time)
8- Jeans e T-Shirt, já não são considerados roupa;
(Não, TAMBÉM são roupa. Também aqui os dogmas caem)
9- Chamas a polícia, porque o filho do vizinho não baixa o som(!?);
(os filhos dos vizinhos ainda não têm 'quereres', ou então são filhos do senhorio, e não convém chamar a polícia)
10- Já não sabes a que horas fecham as "roullotes";
(nem nunca soube, não tenho espírito de caminonista)
11- Dormir no sofá, dá cá uma puta duma dor nas costas (!?);
(acredite que depende mais do sofá)
12- Não dormes aquela sestinha, do meio-dia às 6 da tarde, durante a semana;
(isso não é juventude, é infantilidade...nos infantários é que os meninos dormem sestas prolongadas)
13- Vais à farmácia comprar Aspirina e anti-ácidos, em vez de preservativos e testes de gravidez; (não, quando tenho azia é por causa de mails destes, e para isso não há remédio; depois não compro preservativos na farmácia - são mais caros; se quiser saber se estou grávida vou a um laboratório)
14- Tomas o pequeno almoço... à hora do pequeno almoço;(sim, e se preciso for, deito-me outra vez)
15- 90% do tempo que passas em frente ao computador, estás mesmo a trabalhar (ou a dormir); (Olha, agora estou a responder a um anormal, não considero isto trabalho...é um prazer)
16- Deixas de beber sozinho em casa, antes de sair, para economizar dinheiro antes da noitada; (não percebi)
17- Não fazes noitadas, porque são... muito cansativas; (depende do conceito de noitada)
18- E o mais importante .... Lês este e-mail e procuras algum sinal que, não se aplique! (nenhum se aplica)
E para te vingares (não sou vingativa), aproveitas e mandas, este e-mail, para os cabrões dos teus amigos (desculpa, mas dou outros nomes aos meus amigos e sim envio-lhes o mail para verem o quão ridúculo se pode ser ou ter sido), para eles se lembrarem que, também eles estão velhos e... os bons tempos já foram! (Ok, jovem, continua a penar mais uns anos!)

Quadros que não precisamos de roubar

Aceitando a tua sugestão acabei por parar um pouco, captar a imagem, ligar 500 cabos, et voilá. Prometo que brevemente farei o mesmo com a aguarela.


sem título © António Azevedo Rua
óleo sobre tela (50cm x 20cm)

domingo, abril 24, 2005

Cenas da Vida Conjugal

Faz hoje precisamente uma semana estava eu, na amalgama labiríntica do El CorteInglés, no exercício de um dos meus passatempos favoritos - 'caçar e recolectar' livros, CD's e DVD's - e encontrei algo que há muito procurava e queria ver a cores e ao vivo - As Cenas da Vida Conjugal, do Bergman. Acompanhada que estava da minha progenitora, questionou-me o porquê daquele 'espalhafato' todo por causa de um DVD. Disse-me que tinha o livro (guião) lá em casa (Tinha! Eu exerci sobre ele o acto de caça e de recolecção) mas que nunca o tinha lido; disse-lhe que sabia que não o tinha lido pois caso contrário dificilmente teria chegado aos 37 anos de casamento, e que se não o leu até agora mais valia continuar a ignorá-lo.
Há coisas que são preferíveis que permaneçam ocultas nas nossas vidas. Eu, incauta e movida pela minha atroz curiosidade, li-o faz já uns tempos. O Livro de São Cipriano ao pé deste não passa de poesia. O filme torna-se menos poderoso que o guião pois a nossa capacidade de realização interior é sempre infinitamente superior. Como seria hoje a minha vida se os meus paizinhos tivessem tido a ideia de me levar a uma matiné das 'Cenas da Vida Conjugal', no arejado Verão de 75?! Provavelmente teria caído aí o mito da Vida Conjugal mesmo antes do mito do Samouco. É preciso ser-se de Bergman para conseguir um guião destes. Isto é cinema documental.


A génese da Nova Rede!

sábado, abril 23, 2005

Suicide



Suicide - Man's way of telling God, "You can't fire me - I quit".
Ao menos nisto seja original, veja aqui como despedir-se em beleza. Se achar que ainda não está preparado, pode sempre aproveitar o 'Tour' para ver a quantidade de anormais que proliferam, e vai ver que ao fim de 10 minutos já sente aquele impulso...Divirta-se, Grow-a-Brain!

quarta-feira, abril 06, 2005

Saul Bellow - R.I.P

"O que mais me intriga e dói na nossa morte, como vemos na dos outros, é que nada se perturba com ela na vida normal do mundo. Mesmo que sejas uma personagem histórica, tudo entra de novo na rotina como se nem tivesses existido. O que mais podem fazer-te é tomar nota do acontecimento e recomeçar. Quando morre um teu amigo ou conhecido, a vida continua natural como se quem existisse para morrer fosses só tu. Porque tudo converge para ti, em quem tudo existe, e assim te inquieta a certeza de que o universo morrerá contigo. Mas não morre. Repara no que acontece com a morte dos outros e ficas a saber que o universo se está nas tintas para que morras ou não. E isso é que é incompreensível - morrer tudo com a tua morte e tudo ficar perfeitamente na mesma. Tudo isto tem significado para o teu presente. Mas recua duzentos anos e verás que nada disto tem já significado."


"Escrever" de Vergílio Ferreira