sábado, fevereiro 19, 2005

Ontologias#1

A propósito do 'post' Big Brother e dos seus comentários, gostaria de referir algumas notas de Ortega Y Gasset, pensador que muito me estimula e por quem tenho um enorme respeito, correndo o risco de ser rotulada de existencialista e nihilista (é mesmo verdade, mais existencialista que nihilista, mas sou):
La nota más trivial, pero la más importante de la vida humana, es que el hombre no tiene otro remedio que estar haciendo algo para sostenerse en la existencia. (...)Pero la vida que nos es dada no nos es dada hecha, sino que necesitamos hacérnosla nosotros, cada qual la suya . La vida es quehacer. (...) Nos encontramos siempre forzados a hacer algo, pero no nos encontramos nunca estrictamente forzados a hacer algo determinado, que no nos es impuesto este o el otro quehacer, como le es impuesta al astro su trayectoria o a la piedra su gravitación - Antes de hacer algo, tiene cada hombre que decidir, por su cuenta y riesgo, lo que va a hacer. Pero esta decisión es imposible si el hombre no posee algunas convicciones sobre lo que son las cosas en su derredor, los otros hombres, él mismo. Sólo en vista de ellas puede preferir una acción a otra, puede, en suma, vivir.
José Ortega Y Gasset in Historia Como Sistema, Espasa- Calpe, Madrid, 1971


Este é um dos livros que sempre me acompanha, e que considero fundamental em Gasset.

quinta-feira, fevereiro 17, 2005

Vencer o Medo

A propósito do Medo, encontrei aqui esta citação de Henry Miller que me parece muito oportuna:
Parecemos estar hoje animados quase exclusivamente pelo medo. Receamos até aquilo que é bom, aquilo que é saudável, aquilo que é alegre. E o que é o herói? Antes de mais, alguém que venceu os seus medos. É possível ser-se herói em qualquer campo; nunca deixamos de reconhecer um herói quando este aparece. A sua virtude singular é o facto de ele ser um só com a vida, um só consigo próprio. Tendo deixado de duvidar e de interrogar, acelera o curso e o ritmo da vida. O cobarde, par contre, procura deter o fluxo da vida. E claro que não detém nada, a menos que se detenha a si próprio. A vida continua sempre a avançar, quer nos portemos como cobardes, quer nos portemos como heróis. A vida não impõe outra disciplina - se ao menos o soubéssemos compreender! - para além de a aceitarmos tal como é. Tudo aquilo a que fechamos os olhos, tudo aquilo de que fugimos, tudo aquilo que negamos, denegrimos ou desprezamos, acaba por contribuir para nos derrotar. O que nos parece sórdido, doloroso, mau, poderá tornar-se numa fonte de beleza, alegria e força, se o enfrentarmos com largueza de espírito. Todos os momentos são momentos de ouro para os que têm a capacidade de os ver como tais. A vida é agora, são todos os momentos, mesmo que o mundo esteja cheio de morte. A morte só triunfa ao serviço da vida.

Henry Miller, in "O Mundo do Sexo"

terça-feira, fevereiro 15, 2005

Big Brother

A religião baseia-se principalmente e antes de tudo, no medo. É, em parte, o terror do desconhecido e, em parte, como já o disse, o desejo de sentir que se tem uma espécie de irmão mais velho que se porá do nosso lado em todas as nossas dificuldades e disputas. O medo é a base de toda essa questão: o medo do mistério, o medo da derrota, o medo da morte. O medo é a fonte da crueldade e, por conseguinte, não é de estranhar que a crueldade e a religião tenham andado de mãos dadas. O medo é a base dessas duas coisas.

Bertrand Russell Porque não sou Cristão

domingo, fevereiro 13, 2005


Isabel Fev/05 EMOH