sexta-feira, janeiro 28, 2005

O Bom e o Mau


Nome Popular: Bodião
Nome Científico: Labraus bergylta
Tamanho Mínimo: Entre 15 a 25 cm
Habitat: O bodião é sedentário, habitando os buracos e reentrâncias das rochas de todo o litoral costeiro, estuários e embocaduras, muitas vezes junto ao limite da baixa-mar.

Morfologia: As tonalidades cromáticas nesta espécie de bodião variam desde o verde-água ao quase preto, mas as cores predominantes são o verde e o castanho escuros. Podem ainda ter uma cor única ou várias manchas de cores diferentes.
O bodião é, do ponto de vista cromático um peixe muito vistoso. Este exemplar apresenta os olhos algo salientes, boca pequena com mandíbulas repletas de minúsculos dentes e o corpo revestido por uma fina camada de escamas. As suas barbatanas são de natureza espinhosa e pouco desenvolvidas.

Pesca: Este peixe é perfeitamente capturável, quer ao fundo ou à bóia por ser extremamente voraz.
Os melhores iscos são toda a gama de vermes; os melhores locais para a sua pesca, terrenos rochosos, pontões e muralhas durante praticamente todo o ano e em qualquer tipo de maré.

quarta-feira, janeiro 26, 2005

Sartre, The Cute Strabic Guy



I live alone, entirely alone. I never speak to anyone, never; I receive nothing, I give nothing… When you live alone you no longer know what it is to tell something: the plausible disappears at the same time as the fiends. You let events flow past; suddenly you see people pop up who speak and who go away, you plunge into stories without beginning or end: you make a terrible witness. But in compensation, one misses nothing, no improbability or, story too tall to be believed in cafes. [14-5]
People who live in society have learned to see themselves in mirrors as they appear to their friends. Is that why my flesh is naked? You might say - yes you might say, nature without humanity… Things are bad! Things are very bad: I have it, the filth, the Nausea.

The Nausea is not inside me: I feel it out there in the wall, in the suspenders, everywhere around me. It makes itself one with the café, I am the one who is within it.
I can't say I feel relieved or satisfied, just the opposite, I am crushed. Only my goal is reached: I know what I have to know; I have understood all that has happened to me since January. The Nausea has not left me and I don't believe it will leave me so soon; but I no longer have to bear it, it is no longer an illness or a passing fit: it is I.

Jean-Paul Sartre. Nausea. Trans. Lloyd Alexander. New York: New Directions Publishing, 1964

terça-feira, janeiro 25, 2005

i de I D I O T A

Busquei incessantemente nos meus arquivos um texto que já tinha lido há uns bons anos, e que era perfeito para expressar o que, da Esquerda à Direita, e de Norte a Sul, designamos simplesmente por IDIOTA. Finalmente encontrei-o espalmado pela biografia do Charles Bukowski - o livro de POEMAS de Bertolt Brecht da Editorial Presença, agora reeditado pela Campo das Letras.
Verão ser de muita utilidade pois quantas vezes o quisémos dizer mas nos faltou a forma e o conteúdo...experimentem, olhos nos olhos, é verdadeiramente terapêutico.


Sente-se.
Está sentado?
Encoste-se tranquilamente na cadeira.
Deve sentir-se bem instalado e descontraído.
Pode fumar.
É importante que me escute com muita atenção.
Ouve-me bem?
Tenho algo a dizer-lhe que vai interessá-lo.

Você é um idiota.
Está realmente a escutar-me?
Não há pois dúvida alguma de que me ouve com clareza e distinção?
Então
Repito: você é um idiota.
Um idiota
I como Isabel, D como Dinis, outro I como Irene,
O como Orlando, T como Teodoro, A como Ana.
Idiota.

Por favor não me interrompa.
Não deve interromper-me.
Você é um idiota.
Não diga nada. Não venha com evasivas.
Você é um idiota.
Ponto final.

Aliás não sou o único a dizê-lo.
A senhora sua mãe já o diz há muito tempo.
Você é um idiota.
Pergunte pois aos seus parentes
Se você não é um I.
Claro, que não lho dirão
Porque você se tornaria vingativo como todos os idiotas.
Mas
Os que o rodeiam já há muitos dias e anos sabem
que você é um idiota.

É típico que você o negue.
Isso mesmo: é típico que o I negue que o é.
Oh, como se torna difícil convencer um idiota de que é um I.
É francamente fatigante.

Como vê preciso de dizer mais uma vez
Que você é um I.
E no entanto não é desinteressante para você saber que o é
E no entanto é uma desvantagem para você não saber o que
toda a gente sabe.
Ah sim, acha você que tem exactamente as mesmas ideias
do seu parceiro.

Mas também ele é um idiota.
Faça favor, não se console a dizer que há outros I.
Você é um I.

De resto isso não é grave.
É assim que você poderá chegar aos 80 anos.
Em matéria de negócios é mesmo uma vantagem.
E então na política!
Não há dinheiro que o pague.
Na qualidade de I você não precisa de se preocupar
com mais nada.

E você é I.
(Fomidável, não acha?)

Você ainda não está ao corrente?
Quem há-de então dizer-lho?
O próprio Brecht acha que você é um I.
Por favor, Brecht, você que é um perito na matéria
dê a sua opinião.

Este homem é um I.
Nada mais.

Não basta tocar o disco uma só vez.

Não Há Rapazes Maus



"I write and leave behind me this letter at St. Petersburg. I feel that I shall leave life before January 1st. I wish to make known to the Russian people, to Papa, to the Russian Mother and to the children, to the land of Russia, what they must understand. If I am killed by common assassins, and especially by my brothers the Russian peasants, you, Tsar of Russia, have nothing to fear, remain on your throne and govern, and you, Russian Tsar, will have nothing to fear for your children, they will reign for hundreds of years in Russia. But if I am murdered by boyars, nobles, and if they shed my blood, their hands will remain soiled with my blood, for twenty-five years they will not wash their hands from my blood. They will leave Russia. Brothers will kill brothers, and they will kill each other and hate each other, and for twenty-five years there will be no noblers in the country. Tsar of the land of Russia, if you hear the sound of the bell which will tell you that Grigory has been killed, you must know this: if it was your relations who have wrought my death then no one of your family, that is to say, none of your children or relations will remain alive for more than two years. They will be killed by the Russian people...I shall be killed. I am no longer among the living. Pray, pray, be strong, think of your blessed family."

Palavras escritas por Grigory Rasputin numa carta para a Czarina Alexandra, a 7 de Dezembro de 1916

23 dias mais tarde, Rasputin foi assassinado, por dois familiares do Czar Nicolau II.

19 meses depois da morte de Rasputin, o Czar e toda a sua família foram exterminados.

SEPPUKU pode matar!


On November 25, 1970, Mishima and members of the Tatenokai took over Ichigaya Camp, the Tokyo headquarters of the Eastern Command of the Japan’s Self-Defense Forces. Mishima had written a manifesto and designed plans to articulate its contents. His followers bound the Commandant and barricaded his office. Mishima had written out a list of demands and had them painted on a banner, which he later hung from the balcony leading out of the Commandant’s office. Mishima stepped onto the balcony to address the gathered soldiers below. He intended to inspire them to help his troops stage a coup d'etat and restore the Emperor to his rightful place. He succeeded only in irritating them and was mocked and jeered for his efforts. They were unable to hear him and he aborted his planned speech after only a few minutes. He stepped in from the balcony and ritually committed seppuku, finalized by his ritual decapitation by Tatenokai Hiroyasu Koga.

Much speculation has surfaced regarding Mishima's seppuku. At the age of 45, he was considered to be at the peak of his literary powers. He had just completed the final book in his ''Sea of Fertility'' tetralogy and was recognized as perhaps the most important living Japanese novelist. He wrote 40 novels, 18 plays, 20 books of short stories, and at least 20 books of essays as well as one libretto. He had also starred in several films, directing himself in his ''Yukoku'' (Patriotism). His later political agitation was expressed through his fervent identification with traditional Japanese values as represented by [[Emperor Hirohito]] and the symbolism of [[feudalism|Feudal Japan]]. One of Mishima's most influential essays, ''Bunka boeiron'' (''A Defense of Culture''), argues that the [[Emperor of Japan|Emperor]] was the source of [[Culture of Japan|Japanese Culture]], and to defend the Emperor was to defend the Japanese Culture.

It was rumored this suicide was a result of his secret affair with a homosexual lover

I've Got You Under My Skin #2



"Nessa noite, depois de chegar à nossa casa dos arredores, comecei, pela primeira vez na minha vida, a encarar seriamente a hipótese de me suicidar. Mas, pensando bem, esta ideia pareceu-me extremamente enfadonha e acabei por decidir que seria um acto profundamente ridículo. Por disposição natural, tinha sempre relutância em dar-me por vencido. Além do mais, disse para comigo, é inútil ser eu a cometer esse acto decisivo, com tantas maneiras de morrer aqui mesmo, à minha volta: a morte durante um raid aéreo, a morte no meu posto, a morte no serviço militar, a morte no campo
da batalha, a morte num desastre de automóvel, a morte por doença. Era indubitável que o meu nome já estava inscrito numa destas listas; e um condenado à morte não se suicida. Não, qualquer que fosse o ângulo da abordagem, não me parecia que os tempos estivessem para suicídios. Seria melhor que algo me fizesse o favor de acabar comigo. O que, em última análise, é o mesmo que dizer que estava à espera que algo me fizesse o favor de me manter vivo."

Confissões de uma Máscara de Yukio Mishima, Assírio & Alvim


I've Got You Under My Skin #1



"O que eu queria era morrer entre estranhos, calmamente, sob um céu limpo, sem nuvens. E no entanto, o meu desejo estava bem longe dos sentimentos daquele grego antigo que queria morrer sob um sol brilhante. o que eu queria era um suicídio natural, espontâneo. Queria ter uma morte semelhante à da raposa ainda não muito astuciosa, que segue despreocupadamente por um caminho de montanha e encontra a morte na mira de um caçador, por causa da sua estupidez...Se era esse o caso, não seria o exército o meio ideal para atingir o meu objectivo?"

Confissões de uma Máscara de Yukio Mishima, Assírio & Alvim

I've Got my Eye on You

Astronaut Ed Lu captured this broad-view photograph of Hurricane Isabel from the International Space Station on September 13, 2003, at 11:19 UTC. At the time, Isabel was located about 450 miles northeast of Puerto Rico and packed winds of 150 miles per hour with gusts up to 184 miles per hour. The image, ISS007-E-14750, was taken with a 50 mm lens on a digital camera

Oh Yes, I´m the Great Pretender


"Deus criou o mundo no primeiro dia, e ao quarto dia o Sol, a Lua e as Estrelas. Donde vinha então a claridade do primeiro dia?"

Smerdiakov para Grigori in "Os Irmãos Karamazov" Dostosievski

Em Nome da Terra #2

Eu te baptizo em nome da Terra, dos astros e da perfeição...com esta luz, com este silêncio, com esta brisa, com esta lua...foi exactamente assim...