domingo, fevereiro 17, 2008

Pérola #1 - Enquanto sinto que ainda sou uma Deusa



Este fim de semana foi 'deveras profícuo' em chavões. Há anos que eu e a C. somos atrozes caçadoras de chavões e imagens, e acabamos por caçar em circuito fechado; forçamos as conversas e as palavras até fazê-las deitar sangue, em espirais que só nos entendemos. Mas por vezes, no meio dessas espirais surgem frases deliciosas que de profundas que são nos fazem explodir de riso.
Contexto: Almoço de sábado, tardio como se deseja, daqueles que embora combinados para as 14:30, ainda conseguimos chegar atrasados e sonolentos. Somos cinco, eu, o HP., a C., a S. e o T. Ao fim de 5 minutos as primeiras embirrações, bocas e indirectas com mais de 10 anos mas que fazemos questão de repetir em cada vez que nos reunimos.
O mais velho, HP, com as dores dos 40, o benjamim, T., fresquinho nos seus 30 anos. No meio a S. (34), eu (35) e a C.(36).
Este foi o nosso almoço de ano novo, e inevitavelmente que caímos aqui e acolá no existencialismo; nas oportunidades que não voltam, nas que não quisemos, nas desculpas por não termos tido coragem. A S. era a optimista de serviço, mística por defeito, e tentava animar a C. por não ter prosseguido uma carreira nas artes, e como todos nós, estar presa ao quotidiano, e foi aqui que surgiu uma das pérolas da tarde. A C. puxa de todo o seu interior e diz
mas eu quero ter uma vida nova enquanto sinto que ainda sou uma Deusa
- foi o êxtase. Ainda remetemos a frase para o contexto do sentir do peso do corpo que nos prende a alma, mas já não havia nada a fazer, caímos na perdição do riso, se pensarmos que estávamos no meio de garrafas de cerveja, vinho, restos de salada e grão. Só quem ficou atónita foi a Íris, a gata esquizofrénica. Obrigada, C. por mais uma pérola. Vai ficar na sala dos troféus, logo ali acima da lareira.

Etiquetas: ,