domingo, fevereiro 03, 2008

Do querer




Não somos diferentes uns dos outros quando se trata do querer. Contudo, somos como os felinos.

O jogo do gato e do rato, esse inecessante vaivém; jogo de sombras, de recantos, de perseguições e fugas. Como duas rectas paralelas, sempre próximas, sem se tocarem; ao gato e ao rato acresce o facto de nunca se verem - apenas sentem a presença mútua.


O gato que caça um rato, não o faz por fome, fá-lo pelo desafio - aperta, estrafega, abocanha. Persegue-o enquanto ele lhe dá luta e lhe tenta resistir.
Quando o rato fica extenuado ou se finge de morto, deixa de ter para o gato qualquer interesse.


Assim somos nós se o outro cessa procura, movimentos, atitudes ou gestos - perdemos o interesse, a loucura, a paixão.