Do querer
Não somos diferentes uns dos outros quando se trata do querer. Contudo, somos como os felinos.
O jogo do gato e do rato, esse inecessante vaivém; jogo de sombras, de recantos, de perseguições e fugas. Como duas rectas paralelas, sempre próximas, sem se tocarem; ao gato e ao rato acresce o facto de nunca se verem - apenas sentem a presença mútua.
O gato que caça um rato, não o faz por fome, fá-lo pelo desafio - aperta, estrafega, abocanha. Persegue-o enquanto ele lhe dá luta e lhe tenta resistir.
Quando o rato fica extenuado ou se finge de morto, deixa de ter para o gato qualquer interesse.
Assim somos nós se o outro cessa procura, movimentos, atitudes ou gestos - perdemos o interesse, a loucura, a paixão.
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